Concentração de usuários sob Minhocão pode ser 'embrião' de nova Cracolândia, apontam especialistas
18/08/2025
(Foto: Reprodução) Embrião de nova Cracolândia ameaça surgir no Centro de SP (parte 1).
O fluxo de dependentes químicos em um trecho embaixo do Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, na Santa Cecília, no Centro de São Paulo, sinaliza a formação de uma nova Cracolândia na cidade.
É o que constata Rafael Alcadipani, professor da Faculdade Getulio Vargas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a partir de cenas registradas pela TV Globo no local.
"Houve muito mais a dispersão de usuários do Centro da capital do que uma solução do problema", afirma o especialista, que acompanha o tema há anos. "É um problema muito complexo, que não se resolve da noite para o dia em uma cidade com as dimensões e os problemas sociais de São Paulo."
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
Usuários de crack se espalharam por diferentes pontos da cidade.
Reprodução/TV Globo
Desde a dispersão da Cracolândia da Rua dos Protestantes, em maio deste ano, dependentes químicos passaram a se espalhar por diferentes regiões da capital, formando pontos menores de concentração.
A TV Globo flagrou na manhã desta segunda-feira (18) cenas de consumo de crack embaixo do Minhocão. Entre os usuários, havia mulheres e homens reunidos em pequenos grupos.
Embrião de nova Cracolândia ameaça surgir no Centro de São Paulo.
O fluxo tem crescido no trecho entre as ruas Tupi e Conselheiro Brotero, perto da divisa com os bairros da Barra Funda e de Perdizes, e chama a atenção pela quantidade de pessoas e pela chegada de novos grupos a cada semana.
"É muito visível a concentração", frisa Felipe Rodrigues, membro da Associação Parque Minhocão e que reside por ali.
Dependentes químicos realizam o consumo explícito de crack.
Reprodução/TV Globo
De acordo com moradores da região, o espaço era ocupado há anos por pessoas, às vezes famílias inteiras, em situação de rua, mas esse perfil mudou nos últimos sete meses, com a predominância, agora, da rotatividade de usuários que realizam o consumo explícito de crack.
Para alcançar soluções efetivas para o problema, são necessárias, segundo Alcadipani, "uma articulação de esforços muito mais séria e coordenada entre os governos federal, estadual e municipal e uma integração maior entre as políticas de saúde e de segurança pública, além de lidar com a questão da droga em seu nascedouro".
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de São Paulo diz ter intensificado no local a oferta de tratamento e acolhimento pelas equipes de saúde e assistência social, bem como as ações de zeladoria e de segurança.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirma que o governo de São Paulo tem atuado com a prefeitura para combater o tráfico de drogas.
